José Fidelcino dos Santos
Não raro estamos debatendo sobre o crescimento da violência, essa mazela que se espalha como praga multiforme e cosmopolita. Os lares e as escolas, instituições que se articulam e se complementam, são espaços onde, paradoxalmente, este fenômeno se agiganta. Não raro, também, conjecturamos sobre as origens da violência e nos perdemos num emaranhado de fatores que se conjugam para potencializar esse incômodo e indesejável evento. Em pelo menos um ponto estamos todos concordes: a família e as drogas têm significativa participação nessa avalanche de violência que não poupa nem mesmo os ambientes mais sagrados nem os indivíduos mais puros e indefesos.
Focando o espaço escolar, na perspectiva das drogas, percebe-se um lamentável distúrbio: onde deveria acontecer a prevenção e o encaminhamento dos casos concretos, encontra-se um contexto propício para a proliferação dessa mazela, um flagrante mau uso da zona de desenvolvimento proximal, proposta por Vygotsky. E a escola se transforma em meio de cultura do agente etiológico de uma das patologias mais cruéis da sociedade. É verdade que a proposta da escola não é solucionar essa questão; se enveredar por essa vertente não atingirá nem mesmo seus objetivos mais imediatos. A escola tem sido vítima dessa cruel realidade por não dispor de instrumentos para enfrentar, sozinha, esse desafio. Assemelha-se a um hospital oncológico que recebe um paciente para tratamento, mas descompensado psiquiatricamente. O que fazer? O que deve ser tratado primeiro?
Assim como tem suprido carências imediatas da sua clientela como distribuição de livro didático, merenda escolar, farda e outros itens de sua atenção básica, urge à escola encontrar meios para superar também a barreira das drogas. Talvez seja o caso de uma ação conjunta e devidamente articulada de órgãos públicos (secretarias de governo e Ministério Público) comprometidos com demandas sociais para, juntamente com a família, tratar essa questão -e o indivíduo- conforme o caso e a competência, em espaços especializados. Do contrário, nosso paciente psiquiátrico descompensado não receberá o necessário tratamento oncológico; perturbará o trabalho da instituição e trará riscos para pacientes e toda a comunidade hospitalar.
José Fidelcino dos Santos é professor do CEPMBB.
Verdade colega Fidel. A cada dia, vivenciamos fatos novos relacionados à violência na escola. E como você salienta,infelizmente estamos à mercê dela, totalmente desprotegidos de qualquer esquema de segurança que nso possibilite trabalhar em paz.
ResponderExcluirFátima Batista